O que fazer para que seu cliente não te trate como empregado

Já pensou ter um cliente que te pede trabalhos constantemente e ainda investe em uma relação profissional de longo prazo? Só de pensar o quanto este cliente pode te poupar na hora de prospectar novos jobs, parece que você encontrou o cliente dos sonhos, não é mesmo?

Porém, é preciso ficar atento! Afinal, como já dizia o velho ditado, “nem tudo o que reluz é ouro” . E, com clientes, isso também pode ser verdade!

Em casos como estes, não é difícil se deparar com muito mais trabalho do que foi combinado e, pior, quando você se dá conta, o seu cliente está te tratando como um empregado.Acredito que nenhum freela optou por esta vida pensando em ter um empregador à distância, certo?

Então, para fazer com que seu cliente não coloque em risco aquela sua liberdade de trabalhar nos seus próprios termos, separamos algumas dicas!

Quer saber o que fazer para que o seu cliente não te trate como um empregado? Então, confira!

Empregados X freelas

Antes de tratar das dicas, vamos colocar os pingos nos i’s? Afinal, não sei se um dia você parou para pensar no que faz de você um freela e não um empregado. E, não! Não me responda “ter um emprego”, ok? Pois a própria legislação trabalhista define que o que faz uma relação de emprego não é um contrato ou uma vaga, mas sim a relação de fato existente entre o empregado e o empregador. Portanto, mesmo que você seja freela no ideal, mas empregado na vida real, a lei considera você como um empregado mesmo!

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) define empregado como toda pessoa física que presta serviços de natureza não eventual ao empregador, sob dependência deste e mediante salário. Em outras palavras, para que você seja considerado um empregado, você precisa prestar serviços de forma contínua, de forma pessoal e mediante pagamento, além de estar subordinado às ordens do empregador.

Em uma relação entre cliente e freelancer não existe subordinação. O que significa que você pode trabalhar dentro dos seus termos, entregando aquilo que foi acordado entre você e o cliente. Portanto, o cliente não pode te dar ordens, nem exigir nada daquilo que não foi acordado entre vocês. Além disso, ele não pode exigir disponibilidade a todo momento, nem exclusividade, desconsiderando a sua agenda como freelancer.

Muitos freelas, no entanto, por não terem claro seu escopo de trabalho, as suas funções e os limites da sua agenda, acabam sendo permissivos com atitudes que vão além daquilo que foi acordado, gerando então uma relação bastante complicada.

Para o cliente, lembre-se, é muito cômodo e até vantajoso ter um “freela empregado”. Afinal, você acaba executando as mesmas funções de um empregado formal, sem que exista a necessidade dele arcar com os ônus trabalhistas e previdenciários, que, diga-se de passagem, não são nada baratos.

Portanto, não colocar limites na relação de trabalho permitindo que você atue dentro dos seus termos, acaba trazendo consequências negativas muito mais para o freela do que para o cliente.

Dicas para que o cliente não te trate como empregado

Agora que você já sabe a diferença entre ser um freelancer e ser um empregado, está na hora de aprender a blindar a relação com o cliente para não cair em uma roubada!

Bora para as dicas? Então, anota aí!

Defina quais são suas tarefas como freela

Parece um exercício bobinho, mas tenho certeza que vai te ajudar muito! Pegue uma folha em branco, ou mesmo abra um documento aí no seu computador. Em seguida, faça uma pequena tabela com duas colunas.

Na primeira coluna escreva “nome do job” e, na segunda “descrição do job”. Agora dedique um tempo a escrever quais são os serviços que você oferece e qual o escopo de cada um deles. Isso vai ajudar você a ter clareza sobre qual é o seu trabalho e o que você realmente faz, além de ajudar a criar limites para aquilo que você não faz.

Nada do que vai além das suas tarefas definidas previamente por você deve ser aceito. Caso contrário, vai por mim, as chances de você se ver chorando em cima de mais jobs do que pode dar conta, são imensas!

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Tenha um contrato de prestação de serviços

Eu sei que muitos freelas se assustam com contratos e acreditam que podem afugentar clientes ao pedir que eles assinem um. Porém, ter um contrato de prestação de serviços é a forma mais eficiente de te tirar de uma série de roubadas, incluindo virar empregado do seu cliente.

Isso porque em um contrato você estipula certinho o escopo do job e os seus termos de execução. Depois de assinado, isso significa que ambos, cliente e freela, estão cientes sobre as tarefas assumidas e a forma como serão executadas.

Se achar que um contrato não cabe, não deixe pelo menos de elaborar uma proposta comercial. Parece bobagem mas pode evitar muita discussão e também muitos abusos.

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Não aceite trabalhos de última hora e com prazos curtos

Sabe aquele cliente que te liga para te passar um job urgente para hoje, final do dia? Pois é, quando você viu, é justamente esse cliente que domina a sua agenda, fazendo com que você acabe trabalhando para ele e não para você mesmo.

Imponha limites e tenha a sua própria agenda. Mostre sempre para o cliente que você cumpre prazos também para outros clientes que também são importantes.

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Aprenda a dizer “não”

Eu sei, dizer “não” definitivamente é uma das tarefas mais complicadas na vida de um freelancer. Muitos acreditam que ao dizerem um “não”, os valores a serem recebidos no final do mês cairão estrondosamente, quase como uma maldição. Porém, isso não é verdade.

Dizer “não” é o primeiro passo para entregar bons trabalhos, cumprir prazos e não pegar mais jobs do que você consegue executar. O preço a ser pago por evitar essas três letrinhas, envolve uma boa dose de estresse, cliente descontente e sua reputação despencando em doses astronômicas. Um “não” para um cliente, é um sim para você, sua agenda e sua liberdade. Pense nisso!

freela empregado

Comunicação é tudo!

Não fazer as vontades do cliente não significa ser grosseiro ou mesmo acabar criando uma relação negativa com ele. O grande segredo para evitar isso é deixar claro os termos do seu trabalho, o que você faz e o que você não faz, principalmente no início. Ter clareza sobre a sua função como freela e impor limites é a melhor forma de evitar que seu cliente te trate como um empregado. Comunique-se, seja claro e firme. Isso evita muitos problemas!

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E aí? Gostou das dicas? Já se viu sendo tratado como um empregado pelo seu cliente? Qual a solução que você encontrou? Conta para nós ai nos comentários! 


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Helga Bevilacqua

Helga Bevilacqua

Formada em Direito, deixou todas as leis para trás para se dedicar ao que ama: escrever. É copywriter e redatora desde 2013 e vive uma vida freela pingando por alguns lugares do mundo, com um laptop embaixo do braço e uma bicicleta no meio disso tudo.
Helga Bevilacqua

Helga Bevilacqua

Formada em Direito, deixou todas as leis para trás para se dedicar ao que ama: escrever. É copywriter e redatora desde 2013 e vive uma vida freela pingando por alguns lugares do mundo, com um laptop embaixo do braço e uma bicicleta no meio disso tudo.

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4 respostas

  1. Muito boas as dicas, Helga. Refletem fielmente o que acontece, parece que você estava descrevendo meu trabalho a relação com um determinado cliente, dono de uma agência.

    Ele costumava pedir orçamentos assim: passava um link e perguntava “quanto?” pra fazer um site similar. No começo, ávido por jobs, eu passava um valor. Quando começava o desenvolvimento, ele vinha com “ah, mas o cliente quer isso, aquilo e mais aquilo”. Eu argumentava que não havíamos combinado isso, mas ele insistia. E me mandava mensagens a qualquer hora (estou morando em Portugal, quatro horas a mais que o Brasil) cobrando coisas e insistindo.

    Chegou a um ponto em que eu tive que dar um basta. Disse que ele organizasse melhor as especificações e o escopo ou não continuaríamos trabalhando. Ele não se organizou, não aceitou minhas exigências e decidi romper o acordo. Perdi o cliente, mas ganhei o que buscava quando comecei: liberdade e autonomia.

    Passei a garimpar meus próprios cliente e a coisa vai indo. Devagar ainda, mas crescendo em ritmo constante. E aprendi a definir o escopo dos pedidos, fazer só o que estava combinado e dizer “não”. Mas é complicado fazer isso no começo, a gente vai pegando o jeito com o tempo…

    Abraço!

    1. Oi, Marcelo! Pois é, nem sempre é fácil colocar as regras do jogo, especialmente no começo, como você bem colocou. Mas acho que é um aprendizado da vida freela. Mais cedo ou mais tarde, todos vamos ter uma lição com isso. Geralmente, quanto mais adiamos colocar limites, mais a relação com o cliente vai se desgastando e pode até acabar mal. Valeu pelo seu depoimento! Fico feliz que o texto tenha ajudado! 🙂

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