Malabarista em treinamento: minha experiência como mãe e freelancer

mãe freelancer

Se eu usasse um crachá de trabalho hoje, provavelmente nele estaria escrito “malabarista em treinamento”. Admiro o trabalho dos malabaristas. Mas admiro mais ainda a vida das mães – essas sim, as verdadeiras profissionais da arte do equilíbrio. E pode ser qualquer tipo de mãe, pois toda forma de viver a maternidade exige habilidades nessa arte.

Como eu optei por não usar mais nenhum tipo de crachá profissional, a ideia de ser freelancer me atraiu muito. Sempre questionei o conservadorismo da vida corporativa. Batia ponto, ficava dentro de escritório praticamente trancada das 8h às 18h (mesmo produzindo de verdade em menos tempo do que isso) e não curtia a cara feia do chefe quando eu precisava sair mais cedo por causa de consultas médicas. Vivia aquilo tudo e pensava se era possível trabalhar de outra maneira, mais feliz, conectada com meus valores e crenças e gozando de uma certa flexibilidade de horários. E ser mãe foi a “deixa” que eu precisava para mudar.

Enquanto Helena se preparava para chegar ao mundo, eu me preparava para deixar o mundo do trabalho, digamos, convencional. Ficar 4 meses de licença-maternidade e depois voltar à rotina corporativa em tempo integral era uma ideia que me arrepiava os cabelos. Não fazia sentido nenhum me separar da minha bebê assim, tão rápido. Pensava em exemplos de outros países como a Suécia e o Canadá, onde a mãe se licencia do trabalho por um ou dois anos.

Pensava na importância dos primeiros 1000 dias do bebê, em que a presença da mãe é fundamental para um desenvolvimento saudável. Se eu voltasse a trabalhar da mesma forma, em que momento eu ficaria com minha filha? Como amamentaria? Buscaria Helena na creche tarde da noite, depois de passar o dia todo afastada? E em que momento eu a veria aprender a sentar, engatinhar e andar pela primeira vez?

daiana e helena
Eu e a Helena <3

O caminho do meio: ser freelancer

Infelizmente, nem todas as mães podem fazer as mesmas escolhas que eu fiz (por mil motivos), mas todos esses questionamentos sempre me incomodaram muito. E o mundo corporativo não é nem um pouco amigável com as mulheres que decidem se tornar mães. Alguns chefes olham torto quando a mãe precisa sair cedo para levar o filho ao pediatra. Para mim, já estava claro que ser mãe em um ambiente assim não seria uma experiência boa. Eu precisava seguir o caminho do meio.

O que eu não sabia era que esse caminho seria um dos maiores desafios da minha vida. Abri mão das fórmulas prontas, como trabalhar fora e deixar a Helena sob os cuidados de terceiros ou não trabalhar e apenas ficar em casa (aceitando o fato de depender de alguém para me sustentar) para fazer minha própria história. Até agora tem sido uma experiência muito intensa, trabalhosa e cansativa. Trabalho nas horas livres que organizo durante a semana (Helena ainda não foi para a escolinha), produzo durante a noite (não todas) e finais de semana também. Nas demais horas me dedico às atividades da maternidade. Não durmo muito, as olheiras pesam e, às vezes, eu só quero cair na cama e dormir. Parece custoso demais em alguns momentos.

Apesar de tudo isso, estou feliz com a escolha que fiz. Tenho tempo para ver Helena crescer, sair para passear e levá-la ao pediatra periodicamente. Hoje vejo que ter ficado perto dela foi determinante para que ela passasse seu primeiro ano sem ter adoecido ou ter tido problemas de sono. Aliado a isso, eu trabalho no que gosto, me dedico a projetos muito legais com gente bacana e sigo desenvolvendo minha carreira de publicitária. Ser mãe sem me dedicar a projetos pessoais sempre foi algo impensável para mim, pois várias vezes ouvi conselhos mais favoráveis a ser SÓ mãe, abrindo mão da vida profissional. Por outro lado, não queria me lamentar no fim da vida por ter trabalhado demais e não ter visto minha filha crescer. Portanto, meu caminho do meio é esse.

Minhas dicas para ser mãe e freelancer

Faz pouco tempo que comecei a viver como mãe freelancer. Ainda estou em processo de aprendizado. Tropeço e levanto a todo momento. Mas como essa experiência tem me ajudado a evoluir muito (tanto profissional como pessoalmente), gostaria de compartilhar algumas dicas:

Seja sincero com seus clientes

Sua disponibilidade como profissional freelancer deve estar clara para quem contrata você. Quando não puder entregar algo por causa das atividades da maternidade, diga a verdade sempre. Mas diga antes de negociar prazos, não depois. Isso vai evitar aqueles pedidos de última hora, para entregar ontem.

Use o tempo de maneira eficiente

Afaste-se de distrações. Na hora em que for trabalhar, produza e ponto. Você verá que vai conseguir fazer muito mais, em bem menos tempo. Só de pensar que o bebê pode acordar a qualquer momento, a vontade de se distrair no Facebook passa rapidinho e você responde àquele e-mail piscando na tela.

Planeje-se

A maternidade tem uma boa dose de imprevistos, mas isso não quer dizer que você e seu filho não possam ter uma rotina. Planeje seu dia, sua semana, mês etc. Organize seus prazos de entrega conforme suas horas disponíveis de produção. Seguir uma rotina vai ajudar você a viver melhor e a lidar com o que surgir por acaso.

Tente se acalmar e se concentre em uma atividade de cada vez

Uma das tarefas mais difíceis de ser mãe e freelancer é lidar com aquela sensação de “deveria estar fazendo isso ou aquilo”. Na sua cabeça, há uma lista de pendências para vencer, mas, neste momento, você está com sua criança, brincando ou trocando fraldas.

Esqueça essa história de ser multitarefa, pois isso não existe! Dica: concentre-se no presente. Respire fundo e tente pensar em suas pendências apenas na hora em que puder resolvê-las, conforme a sua agenda. A vida é feita de momentos, portanto mantenha o foco no presente. Dessa forma você terá mais tranquilidade para lidar com as interrupções, muito comuns quando se trabalha em casa com os filhos em volta. Pode ter certeza de que, quando você começar a responder àquela mensagem, vai ouvir um choro vindo de algum lugar. Apenas respire fundo e viva o presente.

Evite a solidão

Trabalhar em casa como freelancer às vezes pode ser muito solitário. Afinal, não há colegas de trabalho em volta de você para falar sobre Game of Thrones ou sobre a chuva prevista para a semana. Sua criança está perto de você, mas os papos não são os mesmos. Procure por escritórios compartilhados ou marque reuniões pessoalmente quando for possível. Um café acompanhado é bem mais interessante e tira você do isolamento, tão comum – e perigoso – da maternidade.

Socorro!

Ao se deparar com prazos apertados, volume grande de trabalho ou, até mesmo, muitos dias sem dormir decentemente, peça ajuda a parentes, amigos ou outras pessoas de sua confiança para ficar com sua criança por algumas horas. Sua saúde agradece!

Exercite-se

Manter o corpo em movimento é fundamental para preservar a sua sanidade (sim, sanidade!). Digo isso por experiência, pois os momentos em que faço exercícios físicos (seja ir à academia, correr ou simplesmente dar uma caminhada) são as oportunidades que tenho para cuidar de mim. Só assim consigo ter energia e disposição para enfrentar os desafios do dia a dia.

Desligue para dormir bem

O uso de celular antes de dormir é extremamente nocivo para uma boa noite de sono. A luz emitida pelo aparelhinho confunde nosso cérebro e permanecemos agitados à noite, ao invés de cair no sono. Ser freelancer não significa estar conectado 24h, portanto, desligue. Confesso que ainda estou tentando fazer isso, mas dizem que a prática leva à perfeição, certo?

Mãe + freelancer para a vida toda?

Se eu vou ser freelancer para sempre? Ainda não sei. Se eu vou voltar a trabalhar fora? Também não sei. Difícil abrir mão da autonomia e da flexibilidade que a carreira de freelancer oferece. Por ora desfruto de um dos meus maiores aprendizados até agora: viver intensamente o momento presente, vislumbrando as boas novas a colher no futuro. Como eu li por aí, ser mãe e freelancer não é apenas equilibrar trabalho e família: é um ato de coragem, paciência, força de vontade e destemor.


Você também está conciliando a maternidade com a carreira como freelancer?Me conta melhor como está sendo sua experiência aqui nos comentários 🙂


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Daiana Souza

Daiana Souza

Daiana Souza, 30 anos, mãe da Helena (1 ano) e publicitária apaixonada por comunicação, marketing, educação e outros mil e um assuntos da vida. Está aprendendo a ser freelancer. Sonha em se tornar corredora-amadora-quase-profissional (meta: 3 quilômetros no fim do ano), mas por enquanto se prepara correndo atrás da pequena Helena pela casa.
Daiana Souza

Daiana Souza

Daiana Souza, 30 anos, mãe da Helena (1 ano) e publicitária apaixonada por comunicação, marketing, educação e outros mil e um assuntos da vida. Está aprendendo a ser freelancer. Sonha em se tornar corredora-amadora-quase-profissional (meta: 3 quilômetros no fim do ano), mas por enquanto se prepara correndo atrás da pequena Helena pela casa.

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